Só quem tem um dos melhores bares da cidade de São Paulo pode se dar ao luxo de abri-lo apenas três dias por semana. Esse é o caso de Alexandre D’Agostino, um dos nomes por trás do pequeno e acolhedor Apothek.

O “reizinho do bar”, como conta ter se auto-coroado durante os quase dezoito anos que trabalhou atrás do balcão do Spot (mas garante que é piada), começou o Apothek começou como uma marca de drinks engarrafados, já que o mesmo não queria abrir um bar. Durante um evento, o local de 17m² acabou sendo fazendo papel de bar, e nunca mais parou.

Então é inevitável a pergunta: porque bebemos? Ele responde, “Eu acho que é uma necessidade básica nossa, pra relaxar, pra conversar, é um prazer”.

Conversamos com o Alê D’Agostino sobre ser bartender, o Apothek e bebidas engarrafadas. Confira abaixo a entrevista:

Você é formado em esportes pela USP (Universidade de São Paulo). Como você passou desta formação para bartender?

(Risos) Na verdade eu não passei para lugar nenhum. Eu comecei a trabalhar antes com restaurantes, e logo depois eu passei na faculdade, então eu fui levando as duas coisas. Então eu nem exerci a profissão, foi só para ter o diploma mesmo. E não que a minha carreira acadêmica ou no mundo dos esporte fosse mais promissora… Nunca teve essa possibilidade (risos).

Quais são as suas primeiras memórias com coquetéis?

Quando eu era bem pequeno eu brincava de barman. Eu já gostava de misturar as bebidas, brincava em casa. Mas obviamente nada com álcool, eu fazia suco de limão, tinha uma coqueteleira, então meu pai colocava na coqueteleira, coisas assim.

O Apothek é o menor bar de coquetelaria da cidade. Mesmo que não tenha começado como a ideia de um bar, como você escolheu o local para começar a produzir as bebidas engarrafadas?

Na verdade nós viemos para cá porque precisávamos ter uma loja para os coquetéis engarrafados, e também um espaço para o escritório. Acabaram vagando duas salas aqui, e viemos para cá, e então tínhamos que ter uma lojinha. Quando lançamos a marca, já havíamos pensado de fazer uma loja com um balcão para degustações, etc.

Mas eu não queria, porque eu tinha acabado de sair de um lugar onde fiquei 18 anos trabalhando, estava bem cansado dessa rotina de bar, teria que trabalhar a noite… Aí acabou meio que uma pressão das pessoas, “Alê, abre o bar, abre o bar”. Então decidi que abriria só às quintas-feiras, pra ver como comportaria. Foi se desenvolvendo, crescendo e começamos a abrir de quinta e sexta, e após na segunda também. Mas não vamos abrir mais do que isso. Toma muito do tempo para cuidar do bar, e nós temos outras funções, fazemos muitos eventos, tem a questão dos engarrafados também, então se eu fosse só ficar só focado no bar ia ser complicado. E eu não quero também voltar a esta rotina de cinco, seis noites por semana, que cansa muito… E tá bom assim. Nem teria clientes o suficiente para todos os dias da semana.

1. Quais as principais vantagens para você dos drinques engarrafados?

Tem a facilidade para as pessoas, obviamente que o drink engarrafado conversa com o consumidor final. Eu não uso drink engarrafado no meu bar, se a pessoa quiser comprar, ela compra engarrafado, mas eu não sirvo. Nosso cardápio é maior do que nós temos engarrafado. Mas é isso: o drink tá pronto para a maioria das pessoas que não sabe fazer. Se você gasta muito dinheiro para ter um kit para fazer Negroni, o valor que nós temos é bem mais acessível, já está fracionado, você não vai ter desperdício, etc.

Quanto tempo dura um Negroni engarrafado?

Olha, a validade dele é indeterminada, mas ele evolui, tem uma curva de evolução, porque o vermute oxida, então a coisa vai mudando até a hora que vai perdendo um pouco do álcool. Ele não estraga, mas perde muito a característica. O drink vai mudando na verdade.

Qual você considera a melhor bebida do Apothek?

Não sei a melhor…

E a sua favorita?

Ah, eu gosto de tudo. Gosto das nossas criações, mas não dá pra dizer, né? Vamos supor: qual é o seu filho favorito? Não existe isso (risos).Tem tudo que eu gosto, nessa pegada de Negroni, Manhattan, Old Fashioned. Gosto bastante de variações, então não dá para dizer.

Existe alguma bebida que o brasileiro ainda não sabe que gosta?

Eu não sei. Acho que estamos em uma fase de Vermutes e Amaros, que as pessoas já conhecem um pouco. Eu acho que tem um mercado crescente de vermute.

Como surgem as ideias para as suas bebidas?

Minhas influências, pode ser? Eu gosto muito do Toni Conigliaro, é o cara que eu mais admiro no mundo da coquetelaria. É um inglês, e eu gosto muito do sestilo dele. Me inspiro bastante no que ele faz.

Quais são os outros bares da cidade que você frequenta?

Olha, eu já frequentei mais, agora eu não tenho ido. Eu gosto muito do Guarita, Frank. Posso falar em pessoas que eu gosto de beber: Kennedy Nascimento é uma pessoa que eu gosto muito. Ah, tem o SubAstor. Os clássicos mesmo né?